sexta-feira, 20 de julho de 2012

100 Pila Não é Cachê...


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Ok raça! Faz um tempo que tô ensaiando pra estrear meus ensaios escritos aqui no BLOG. Já tenho algumas pautas pensadas, mas, preciso arrumar o tempo certo pra me dedicar e escrever pondo as idéias às claras, direitinho.

Enfim, ontém, 19/07/2012 eu publiquei um dos quadrinhos mais polêmicos que já produzi. Referia-se à campanha 100 PILA NÃO É CACHÊ. Se você não viu, então dá um click AQUI.
Bom, o fato é que esse foi (até a data da publicação deste texto) o mais compartilhado dentre as artes já publicadas no meu perfil do Facebook.
Gostaria de explicar como essa idéia surgiu, o caminho até que ela fosse traduzida pra um quadrinho e de que maneira eu gostaria que ela fosse interpretada.

Então...
Nosso país tem proporções continentais e dentro desses limites imensos existem vários pequenos países com realidades sociais muito diferentes. Temos desde grandes centros urbanos em que longas distâncias são cobertas rapidamente em trens de última geração, até localidades em que se leva horas pra fazer um pequeno trajeto, através de estradas de terra, por barco, a pé...

Tá difícil imaginar o que essas realidades tem a ver com os "cem pila de cachê"? Vamo lá:
Moro em Balneário Camboriú, Santa Catarina; uma cidade turística com um alto custo de vida e uma vida nortrna em constante ebulição. Casas noturnas sofisticadas e festas particulares de garbo se espalham pelo perímetro urbano com ingressos indo de 40 a 200 reais. Nem preciso dizer que cái pára-quedista de tudo quanto é lugar do Brasil aqui, pagando de DJ e com atitudes semelhantes às descritas no quadrinho em questão: vomitando anos de experiência e praticando cachês ridículos apenas pra ter o status de uma agenda recheada.

E essa situação se repete em muitos lugares do nosso país, especialmente em centros urbanos de médio a grande porte. São muitos os pseudo-disc-jockeys invadindo o espaço dos verdadeiros profissionais da cabine; seja em casas noturnas ou em eventos sociais, tenho acompanhado (de perto ou via internet) a dificuldade de trabalhadores / batalhadores sérios nos arredores da discotecagem em manterem-se produtivos por conta dos valores medíocres praticados por aventureiros.

Por outro lado, há situações bem diferentes dessas vistas nos centros mais badalados. E não é preciso ir muito longe: nas margens das metrópoles, nos guetos, nos bairros menos favorecidos, existe uma galera que curte fazer som; uma turma guerreira, muito brigadora que rala muito pra montar seu set up; que tira do suor do dia-a-dia a graninha pra comprar um CD player, um toca-disco, um mixer... Tudo por amor à arte da discotecagem! E aí, estando em uma realidade de baixo poder aquisitivo, onde bailes e festas tem ingressos na base de R$ 5,00, de que maneira impor um cachê maior que R$ 100,00? Não há como porque isso não é opção do PROFISSIONAL mas sim, uma imposição moldada pelo mercado em que ele está inserido.


Foto retirada da página Bass Aliance

O conteúdo do quadrinho "100 PILA NÃO É CACHÊ" pode acabar ofendendo essa galera que corre por fora dos grandes centros. Mas, preciso reforçar que esse manifesto não é direcionado a esse grupo. Não mesmo! E eu peço: antes de se sentirem ofendidos, sintam-se indignados e observem essa questão por outro prisma: esse quadrinho é - também - um protesto em prol da minoria batalhadora. Como? Ué, porque, enquanto uma turma menos favorecida tá brigando com a grana e com o desnível social pra poder manter o amor à arte da mixagem, no outro lado tem uma multidão de oportunistas se jogando no mercado sem qualquer pudor, na base da brincadeira, exibindo óculos de grife, fones de ouvido caríssimos, releases redundantes e esmagando profissionais de verdade só pra aparecer.

Pra finalizar...
A valorização da profissão é uma briga ferrenha, uma guerra; e a maior agonia é que essa não é só uma guerra contra inimigos de fora dos portões... Não! É uma guerra principalmente travada dentro da nossa própria classe e, infelizmente, nessa briga certas manifestações - como esse quadrinho dos "cem pila" - se não bem explicadas podem acabar por arranhar gente boa, que não se enquadra no protesto.

Vida longa aos VERDADEIROS DJs. De cem pila, ou não.


Fica aqui o registro!
Abraço a todos e continuem na luta!



Stop.
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3 comentários:

Maurício Lima disse...

Bela resenha man! Esse pensamento vale para todas as profissões, mais ainda para a de DJ que nem regulamentada.

Cada qual tem saber se valorizar, ter um valor compatível com seu trabalho, mas sem deixar de lado o bom senso.

Existirão as festas para encher o bolso e as que serão cortesia. Tudo depende da situação, cenário e momento em que o profissional se encontre. O importante é sempre se valorizar e respeitar o mercado de trabalho.

DJ Pido disse...

Valeu Bro!

O caminho é esse sempre... Buscar a valorização dos profissionais de verdade; com isso, a profissão se valoriza por si só. E, como tu bem disseste, cada cachê depende da situação, depende do "mercado" onde é praticado. Thanks!

Anônimo disse...

muito bom. eu acho que um dj ganha muito mau pela profissão que esserce, que não e facil, e esses caras aida baixam o preço em vez de aumentar.....